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A Marquesa de Marvila

Aqui não se aprende nada... Lêem-se coisas escritas por mim, parvoíces na maioria das vezes mas sempre, sempre verdades absolutas (pelo menos para mim).

Escola particular? Escola pública?

Como já vos disse tenho duas filhas, uma com quase 12 e outra com quase 14.

Até este ano ambas andaram numa escola particular. Nunca quis uma escola elitista, virada para rankings (odeio rankings), procurei sempre uma escola virada para a pessoa e não para os números, onde não houvesse super-protecção, onde houvesse lugar à diferença e essencialmente onde fossem felizes. Posto isto, a maioria dos colégios que visitámos foram colocados de parte.

 

E porquê uma escola particular e não pública? Porque tanto eu como o senhor marquês achámos que seria o melhor para elas (aquilo que todos os pais consideram estar a fazer sempre que tomam decisões em relação aos filhos, certo?). Ahhhh... Mas o que é isso do "melhor para elas"?

 

Pois, o melhor para elas, achávamos nós, era um lugar onde se sentissem felizes, onde fossem respeitadas, onde elas e nós as sentíssemos seguras. E assim foi, encontrámos a escola que as acolheu, e bem. A escola, particular reitero, tem um espaço exterior fantástico, com hortas, árvores, quinta, gatos e cães. As miúdas vinham imundas para casa, depois de terem trepado árvores e escavado a terra, mas felizes. Todos conhecem todos naquela escola, elas estavam bem e nós também. E assim se passaram 9 anos... A aspirante mais nova frequentou aquela escola desde os 3 anos, ainda tinha 2 quando entrou. A aspirante mais velha continua por lá, por mais um ano.

 

A meio do ano passado tomámos uma decisão, mudá-la de escola. Decidimos que ela iria para uma escola pública. Porquê? Porque a mini aspirante ao título de marquesa é atleta de competição e estando numa escola particular não tinha tempo para se coçar. Entrava às 9h e saía às 16:30h, sempre com aulas e actividades, todos os dias. Era chegar a casa mudar de roupa e ir para o treino, todos os dias. Não estudava, não brincava, não descansava... nada. Parecia o Speedy Gonzalez (aos mais novos, ide ao Google que ele diz-vos quem é esta personagem). Achámos que na escola pública teria mais tempo, o horário não é tão preenchido e poderia, com mais facilidade, conjugar os treinos com a escola (sim, neste país não existe a hipótese de ensino integrado com o desporto e sempre que há campeonatos e deslocações temos de contar com a boa vontade da escola e dos professores).

 

E assim foi, cheios de medo, e após termos conversado com ela e ela ter concordado com a mudança (apesar de triste, e também com medo, por deixar os colegas de sempre), lá tratámos da mudança. Em Setembro começou as aulas na escola nova. Os nervos eram mais do que muitos, mais os nossos do que os dela (apesar de ela também estar com eles ao rubro). Adorou a escola nova! Os colegas, os professores, as instalações, tudo!

 

É um mundo inteiramente novo para ela, uma escola enorme (muitas vezes a antiga escola), muitos alunos (muitas vezes o número de alunos da antiga escola), onde muito pouca gente a conhece, um ritmo diferente, regras diferentes... Mas ela está a adorar e nós também!

Com o início do ano lectivo, deparamo-nos com notícias de escolas sem professores (conheço um caso de uma criança que ainda não tem professor de português... Como é que é possível?!?!... Estamos no final de Outubro)... Eu não conheço a dinâmica das escolas públicas, a história dos concursos para professores e pessoal, não sei que autonomia têm as escolas... Mas espanta-me que, por exemplo, na escola nova da minha filha ela tenha todos os professores desde o primeiro dia. De não ter, até agora, "furos". De haver uma comunicação rápida e eficaz, através de e-mail por exemplo, com a directora de turma. A escola funciona muito bem. Não há espaços vandalizados, materiais partidos, há funcionários em todo o lado. Arrisco dizer que esta escola pública é muito melhor do que a antiga escola particular dela. E se o que nós queremos para ela é a felicidade, ela está muito mais feliz nesta escola.

 

 

Porquê que não é assim em todas as escolas? O que se passa na escola pública para que existam histórias (infelizmente muitas) de alunos sem professores, escolas sem funcionários? Eu nunca entendi esta questão da colocação de professores, e agora ainda entendo menos. Conhecendo a realidade desta escola, e sei que não será a única, porquê que há escolas onde acontece precisamente o contrário? Haverá por aí alguém que me saiba responder a estas questões?

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