Aqui os Marqueses gostam bastante de passear... Quem não gosta, verdade?
Tínhamos o Minho "em carteira" há séculos... Eu bem que insistia, vamos ao Minho! Eu, que adoro o Minho! Terra de gente boa, alegre e simpática, boa comida, bom vinho (ai... O vinho verde, senhores!...) e com paisagens e cidades lindas, lindas. Passei férias no Minho grande parte da minha vida, em miúda (vá, até o final da adolescência) ia todos os anos para Monção, ali junto a Espanha, no tecto de Portugal, já no final da adolescência ia para Viana do Castelo, cidade linda, com uma vista de cortar a respiração de Sta. Luzia, com o rio e a cidade aos pés... Todos os anos lá dizia eu: Vamos ao Minho! Que o Marquês nunca havia ido ao Minho, mas a coisa nunca se dava, ora porque aparecia uma oportunidade noutro local, ora porque estava frio, ora porque íamos em trabalho para outro local qualquer e aproveitávamos... Enfim, um sem número de razões e não razões... Mas desta feita fomos ao Minho. E qual o melhor local para começar a mostrar o Minho ao Marquês? Guimarães, pois claro! O Berço na Nação!
Escolhido o Hotel, marcadas as datas e lá fomos nós pela estrada fora, que viagem desoladora... o estado da nossa floresta é de ir às lágrimas. Não há como não ver quilómetros e quilómetros de cinzento e preto, árvores mortas, um cheiro a queimado, sinal da morte e destruição de um dos nossos bens mais preciosos... Uma tristeza!
Chegámos à hora do almoço, esganados de fome. Fomos ao Hotel, ficámos no Santa Luzia Arthotel, que fica mesmo junto ao centro, posso-vos dizer que estacionámos o carro (na rua, o Hotel não tem parque apesar de dizer no site que tem estacionamento, este é na rua e apenas dá para 4 carros) e andámos sempre a pé, só voltámos a pegar no carro para vir para Lisboa. Fomos almoçar ao centro, numa esplanada, uma bela de uma saladinha (vocês ainda não sabem mas eu sou vegetariana) e ali ficámos, entre uma imperial (fino, diz-se fino em Guimarães!), uma conversa boa e um tema fracturante... Uma decisão urgente a tomar! Naquele dia em Guimarães jogava o nosso Sporting, foi por acaso (pelo menos na parte que me toca, já em relação ao Marquês... tenho as minhas dúvidas que ele não soubesse... mas vou fingir que sim, que acredito!), e vai daí põe-se a questão: "Vamos ver o jogo?"...
Eu gosto de ver o meu Sporting jogar, que gosto, mas estava um calor de fazer suar as estopinhas e a mim apetecia-me mesmo ir até à piscina... Para mais, já sabemos, infelizmente já nos vamos habituando a vir do estádio chateados e a mim não me apetecia nada estragar o fim-de-semana. Mas..., como vocês sabem, eu sou uma jóia de moça, disse ao Marquês: Mori (mentira... Eu não trato assim o Marquês... Cruzes, credo!), se quiseres muito, 'bora lá ver o jogo! - Ainda se pensou durante um bocado, grande, sobre o tema, mas dava-se o seguinte:
- Não tínhamos bilhete, o que significava passar o resto da tarde numa cidade que não conhecemos, correndo o risco de sermos apupados - sim que os Vitorianos são adeptos fervorosos e já andavam todos por lá como seu equipamento vestido (não, não se chama Guimarães ao clube, isso é para gente inculta como nós, chama-se Vitória, amores, Vitória);
- E... Atentem bem no que vos conto que é tão, mas tão parvo bonito, não sabíamos onde era o estádio e o amigo Google não nos estava a ajudar nada. Mais uma vez não quisemos perguntar, não fosse um Vitoriano enviar-nos para Braga ou assim...
Vai daí fomos para a piscina do Hotel (que fica no topo do Hotel) que foi o melhor para o nosso bem! Sim, que estavam 40º... Verdade, verdadinha! E lá estávamos nós, de papo para o ar, a apanhar o solinho (eu era mais a sombrinha, snift, snift...), quando começamos a ouvir as claques e o Marquês diz, muito meio corado, um pouco a medo: - Olha ali em frente... Estás a ver?... e eu: Errr... humm... Es...tou!....
Sim, é isso mesmo que estão a pensar... Era o estádio, a 2 minutos e meio do nosso Hotel! Se fosse um cão mordia-nos!... Mas pronto, ouvimos o jogo, marcámos 5 golitos, ganhámos, descobrimos que mais de metade do pessoal que estava na piscina era Sportinguista, vimos os estrangeiros fascinados a ver passar a claque do Sporting, com os seu cânticos... E não estrangeiros da minha vida, tal como o Guimarães não é o Guimarães mas sim o Vitória de Guimarães, também o Sporting não é o Sporting de Lisboa mas sim de Portugal!! Eu, a fazer o bem e a ensinar as pessoas desde mil nove e setenta e picos.
A piscina é espectacular, sossegada, os funcionários são do melhor que há. Já estive em muitos hotéis (em lazer e trabalho) e posso-vos dizer que os funcionários da piscina do Santa Luzia Arthotel são do mais simpático e prestável que há. Ide lá confirmar que não se vão arrepender. São simpáticos sem serem chatos, eu detesto gente chata! Chateia-me imenso ir àquelas lojas onde andam atrás de nós a mostrar tudo e a oferecer ajuda...
Nessa noite, todos contentes com o resultado da bola fomos jantar ao Histórico by Papaboa. O sítio é giríssimo, um solar antigo muito bem conservado e respeitando a traça original, o serviço foi do pior que se possa imaginar, chamar pelo empregado que fingia não nos ver (um casal de uma outra mesa levantou-se e foi embora apenas com azeitonas e pão no bucho), esperar um tempo não razoável por tudo (comida, bebida, conta... Sim, a conta tivemos de nos levantar e ir ao balcão). A comida? Era sofrível. Estávamos no Minho, é suposto comer-se bem. Eu sou vegetariana, como já referi, aceito uma salada ou uma massa com cogumelos e legumes cozidos num qualquer "restaurante de bairro" mas custa-me a pagar, caro, num restaurante de renome, por um prato de massa cozida com uns legumes e cogumelos mal amanhados. O Marquês não é vegetariano e o prato dele, bacalhau com batata a murro e broa estava, como direi, assim-assim, nem bom nem mau.
Passear pela cidade à noite é fantástico. Guimarães tem uma vida noturna que eu jamais havia imaginado, gente e mais gente nas ruas, os bares cheios, as esplanadas sem lugar para sentar, e são bastantes. Uma noite espectacular, calor, céu estrelado. Eu, que sou friorenta, andei sempre de manga curta, estavam 30º lá pelas 10 da noite. O centro da cidade, super-bem conservado e recuperado, todo iluminado. Passear por aquelas ruas, com centenas de anos e imaginar as pessoas que ali viveram, as histórias que aquelas paredes têm para contar, um pedaço enorme daquilo que hoje somos como país, é mágico. E para que vejam o quão fervorosos são os adeptos do Vitória, mesmo tendo perdido 0-5 com o meu Sporting (coisa mai linda), andavam a passear-se pela cidade, a jantar, beber copos nas esplanadas, equipadíssimos. É assim mesmo, o nosso clube é o nosso clube, na vitória e na derrota.
No dia seguinte, após o pequeno-almoço (que era bom!), e eu adoro pequenos-almoços nos hotéis (quem não?), acabo por comer sempre o mesmo, invariavelmente, mas gosto de ter opção de escolha e gosto de ver as pessoas, o burburinho, as conversas, imaginar o que estão ali a fazer (umas de férias, outras de fim-de-semana, outras em trabalho...). Adoro hotéis. A sério! Dou imenso valor à estadia quando passeio. Bem, como já perceberam também gosto de divagar, como estava a dizer, após o pequeno-almoço fomos ao Castelo de Guimarães (tinha que ser, claro!).
O Marquês, munido do Google (benzádeus quem inventou o Google), disse-me que o Castelo ficava a 10 minutos a pé do Hotel. Desconfiei! Sei bem que gosta de me enganar nestas coisas, e eu há dias em que me custa bastante andar. Este era um desses dias, estavam 42º, aquela hora (10 horas) ainda só estavam 30º, e eu estava muito cansada, mais a arrastar-me do que a andar. (quem quiser pode perceber o porquê aqui). Mas ele não me enganou, são mesmo 10 minutos a pé e é uma subida muito ligeira, quase nem se dá por ela. E lá fomos ver o local onde nasceu Portugal, o local onde se deu a Batalha de S. Mamede que opôs as tropas de D. Afonso Henriques às tropas de sua mãe D. Teresa. Não amigos, mãe e filho não andaram à pancada, quem andou foram os seus soldados. Vale a pena visitar o Castelo. Paga-se, não vos sei dizer quanto pois era Domingo e como éramos cidadãos nacionais não pagámos (tenho para mim que os espanhóis devem pagar a dobrar, que é para não ser armarem ao pingarelho a querer levar Portugal de volta). Quando saímos do Castelo avistámos uma Igreja, fica mesmo em frente e fomos visitá-la. Demos por nós no meio de um casamento! Só nós! Ainda assistimos, já dentro da igreja, à entrada da noiva e depois saímos de fininho.
Fomos dar uma volta ao centro, que já tínhamos visto à noite e de dia continuava maravilhoso. Assim que chegámos ao largo da Oliveira vimos uns noivos a sair da Igreja. Está visto que Domingo é dia de casamentos em Guimarães. Almoçámos, novamente numa esplanada, que bem que se estava. À tarde, pois que, fomos piscinar. Um mergulho, um gelado, uma espreguiçadeira, enfim... Uma canseira! Um facto bastante curioso e algo desconcertante nesta piscina era a casinha de banhinho. Claro que eu tive de usar a casa de banho, assim que entrei desisti. Fui tão rápida que o Marquês me perguntou. Já?... A porta abre directamente para a zona de passagem da piscina, aquela mais movimentada de todas as zonas, em frente, assim que entramos damos de caras com a sanita, que fica a uns 3 metros da porta, mas em frente, reitero, e a porta não tem chave, nem trinco, nem nada! É sítio para uma pessoa estar sentadita e a porta abrir-se e cú-cú.... Claro que preferi ir ao quarto.
À noite, aconselhados por um dos simpáticos funcionários da piscina (e marcado por ele) fomos jantar ao Buxa. Vale a pena! Muito bom! - Já perceberam que apostamos as nossas fichas todas nos jantares. Ao almoço contentamo-nos com uma saladinha, uma sandoca e ao jantar vingamo-nos, bebemos um vinho, conversamos e deixamo-nos ficar -. Ficámos na esplanada, um calor de fazer transpirar mesmo sendo noite. O Buxa é no centro da cidade, numa das praças. Jantámos rodeados de história. O serviço muito simpático, a contrastar com o da noite anterior, a comida estava óptima. E não, não é preciso muito para fazer um bom prato vegetariano. Comi um divinal folhado de legumes, acompanhado de um delicioso vinho verde, claro! E depois demos mais uma volta pela movida de Guimarães, que mais uma vez me surpreendeu! Era Domingo e parecia o Bairro Alto num Sábado à noite. Cheio de gente.
No dia seguinte viemos embora.... :( Mas com a promessa de voltarmos, desta feita com as aspirantes ao título e para uma visita mais abrangente pelo Minho. Eu já conheço, mas o resto da minha malta ainda não, Braga, Viana do Castelo, Ponte de Lima, enfim, fazer um périplo pelo Minho.
Só estivemos 2 noites em Guimarães, dá para ver a cidade toda, mas sabe sempre a pouco no que toca a descanso e havia uma série de restaurantes que gostávamos de ter experimentado, mas não deu tempo.