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A Marquesa de Marvila

Aqui não se aprende nada... Lêem-se coisas escritas por mim, parvoíces na maioria das vezes mas sempre, sempre verdades absolutas (pelo menos para mim).

A minha cadela do demónio e os doidos que nos vêm parar cá a casa

A minha cadela do demónio é completamente chanfrada das ideias... mas nós somos experientes nesta matéria, oh lá se somos... Só nos calham cães doidos, o que é que havemos de fazer?!... O nosso primeiro cão era tão nervosinho, mas tão nervosinho que se tornou cardíaco e morreu de enfarte. Mas era amoroso. Nós, humanos em geral, temos uma tendência enorme para quando os seres morrem só nos lembrarmos das coisas boas... O nosso primeiro cão também era chanfrado, para além de nervosinho... Tinha problemas em ficar sozinho em casa, vai daí ladrava descontroladamente... Se de dia a coisa até era mais ou menos pacífica, os vizinhos também não estavam e casa e ele não passava o dia todo a ladrar, era mais quando saímos e de vez em quando lembrava-se... À noite era chato e tivemos de montar toda uma logística sempre que nos queríamos ausentar...

Ora atentem...

Da primeira vez que resolvemos sair à noite, após uma noite em que quase fomos expulsos do prédio e quase que chegou uma abaixo assinado à Assembleia da República a pedir o nosso exílio que se resolveu com o nosso charme natural e diplomacia (e uma carta escrita à mão, individualizada para cada um dos condóminos a pedir desculpa... ainda hoje me dói a mão...), em que o cão uivava tanto que se ouvia na rua toda ... Bem adiante, após este episódio insólito, numa saída à noite, aniversário de senhor Marquês, aconselhados pelo veterinário demos-lhe um drunfo para dormir (nada temam, amigos dos animais, o drunfo era próprio para cão, comprado e receitado pelo veterinário). Demos-lhe o drunfo e só saímos quando o cão largou a dormir deitado no chão... Mal chegámos à rua ouvimos uivar. Será ele? Não, não pode ser!... E cão está drunfado, está a dormir. - Ficámos alerta a ouvir, outro uivo, e outro e outro... Voltámos a casa. Cenário:

O cão de olhos fechados/semi abertos, completamente grogue, a cambalear, mal se levantava e uivava... Raisparta o cão, caramba!... Um telefonema depois e levámo-lo para casa do meu pai, onde dormiu toda a santa noite e sonhou com unicórnios, bolas de carne, maçãs (o meu cão adorava maçãs, mais do que carne), biscoitos, prados verdejantes e tudo a que um drunfado tem direito. Mais tarde apanhámo-lo no Bairro Alto a tentar comprar drunfos e outras cenas...  (este é o nosso cão a achar que era um sapo)

Páginas tantas, resolvemos arranjar-lhe companhia, que após este episódio sempre que queríamos sair à noite ou ele ia para casa de alguém ou alguém tinha de vir cá para casa tomar conta dele, um filme. Adoptámos uma cadela. Uma cadela que estava quase morta, coitada! Foi-lhe sentenciada por 2 ou 3 veterinários a morte antecipada. Estava de tal maneira desnutrida e com carências vitamínicas e de outras ordens que tinha 6 meses e pesava 6 quilos. Nada de especial se ela em adulta não se tivesse tornado num belo espécime de 25 quilos. E a cadela acalmou o cão. Pelo menos já podíamos sair descansados sem ter de arranjar dog sitting para o bicho, nem drunfos (esta parte ele não gostou, mas é a vidinha...). Ele tentava emitir um latido, um esboço de uivo, um som e ela dava-lhe uma patada no focinho. Juro! E não fomos nós que a ensinámos, foi um qualquer santo lá em cima que a enviou para pôr ordem nisto.

Ah, então sempre tiveram um cão normal... Não, pessoas, não tivemos! Este belo exemplar canino do sexo feminino, que infelizmente também já faleceu, comia lixo, fazia cocó e comia-o, vomitava e comia... Um nojo! Um nojo difícil de lidar. Quer-me parecer que vocês não mais olharão para este blogue da mesma forma. Gastámos uma pequena fortuna com ela, entre veterinários e medicamentos... Era o único cão que conheço que não gostava de ir à rua... Era ver-nos a arrastar 25 quilos de cão para ela ir à porta do prédio fazer chichi e cocó, e voltar a correr para casa. Para além de ter destruído tudo o que apanhou pela frente, a saber: Rodapés, Cabos de computador, móveis, tapetes, dois pares de sapatos novos do Marquês... Dois pares, pessoas! Esta alma consegui ir buscar um sapato de cada par inutilizando dois pares. Um mimo!

Mas era a melhor cadela do mundo! Tudo ultrapassado e ela tornou-se no melhor cão adulto do Universo. A mais meiga, a mais fiel, a mais ternurenta, a que tomava conta da família toda, a mais medricas mas que defendia as aspirantes com a sua própria vida, transformando-se num ser demoníaco capaz de trucidar quem lhes tocasse (desde que não fosse eu ou o Marquês) e no momento seguinte, desde que a pessoa estivesse longe das suas meninas, era a sua melhor amiga.

E agora temos a demónia!... A demónia é... como direi... Um cão com algumas particularidades. Ela foi encontrada na rua, abandonada, a tentar entrar nos carros das pessoas. E no meio de tanta gente que passava quem é que ficou com a bicha do demónio, quem foi?... Claro! Nós! 

Esta... como direi... invenção do demónio, este ser paranormal, quando chegou cá a casa conseguiu pôr-nos à beira do colapso. Verdade! Eu e o Marquês quase nos divorciámos, as aspirantes quase fizeram as malas e se propuseram para adopção... Vocês sabem lá o que isto foi práqui, senhores... Só pelo que nós aturámos deveríamos ser condecorados pelo Presidente da República por bravura e coragem... Os jogadores da nossa selecção não fizeram um terço e foram condecorados... Os ex-combatentes condecorados... sabem lá eles o que é bravura e coragem... 

Era uma vez uma família que adoptou uma cadela... No dia seguinte à adopção, estavam a fazer a sua refeição sentados à mesa, como qualquer família, e o demónio salta para a dita e começa a comer dos seus pratos. Assim, à descarada! Eu, Marquês e aspirantes a almoçar e uma cadela em cima da nossa mesa a comer dos nossos pratos...  (esta é a nossa cadela). A diaba passeava-se no balcão da cozinha a roubar comida enquanto eu cozinhava... A bicha do demo mordia a tudo o que mexia (excepto à cadela mais velha, que ainda era viva). A aspirante 'mai nova fazia um pino e levava uma trinca furiosa. A aspirante 'mai velha sentava-se ao meu lado no sofá e levava uma trinca. Mas a preferida dela para trincar era a aspirante 'mai nova, coitada da miúda! Ela fugia da diaba. Felizmente a diaba mordia com pouca força e nunca magoou ninguém. (não, não era uma cadela bebé que mordia a brincar. Ela mordia mesmo, só nunca magoou ninguém, felizmente). As aspirantes deixavam inadvertidamente a porta do quarto aberta e lá vinha a diaba a correr esfrangalhar os bonecos, rasgar coisas... Um desassossego. Estragou os cd's e dvd's de colecção do Marquês, livros meus, partiu objectos pois passeava-se em cima dos móveis... Nem queiram saber o que isto foi.

Um dia, desesperados e quase a sairmos de casa e deixarmos a casa de herança para a bicha, resolvemos contratar quem sabe do tema: Um treinador! Abençoado! Que Deus Nosso Senhor, os Anjos, Santos, Iemanjá, Buda, Maomé, Shiva e todos os que agora não me lembro, o guardem com muita saúdinha, Benzódeus! O nosso Salvador chegou! Tentou de tudo, ensinou-nos tudo, levou-a para o Colégio Interno (sim que a cadela é diaba mas tem sangue real e frequentou os melhores colégios), que é como quem diz a quinta dele... E, o diagnóstico é que ela é uma cadela espectacular só que estava cheia de medos, coitada! Tratados quase todos os medos (ainda ladra a desconhecidos e odeia de morte o nosso vizinho do lado... ela lá sabe!... Era capaz de o matar e não faz isso com mais ninguém) e a cadela é quase uma santa . Tenho para mim que ela foi exorcizada e o treinador tirou-lhe o diabo do corpo. A aspirante 'mai nova pode-lhe fazer o que bem entender que ela nem o dente se lhe arreganha, quanto mais morder; já espera pacientemente que caiam migalhas da mesa, nunca mais saltou para cima da mesma, nem dos móveis (o sofá não pode ser considerado um móvel, pois não?), nem de nada, já não rouba bonecos (excepção feita ao preferido da aspirante 'mai nova, mas não o estraga e entrega logo que lho pedimos)... Quase uma santa, se não esfrangalhasse guardanapos de papel e lenços de papel (tem uma fixação qualquer) e se ladrasse mais baixinho...

Já vos disse que o treinador dela é o maior?... E ele adora-a! Sempre que precisamos ele fica com ela, diz que para ela não é preciso fazer reserva, tem sempre espaço.

E nós, bem, nós também a adoramos ou já a tínhamos dado para adopção.

Oh pra ela tão linda...

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