Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A Marquesa de Marvila

Aqui não se aprende nada... Lêem-se coisas escritas por mim, parvoíces na maioria das vezes mas sempre, sempre verdades absolutas (pelo menos para mim).

Cheers!!!! Bom ano, catano!!!

Estava eu aqui a pensar na vidinha... mentira!, estava só a protelar o trabalho que tenho para fazer... depois queixa-te, oh Marquesa!, quando me assaltou à memória uma história já com alguns anos e que me fez pensar logo: Marquesa, tu tens de partilhar isto com a pessoas mais giras! - sim, eu falo para mim como se estivesse a falar para outra pessoa e as pessoas mais giras são vosselências! 

Então, corri para o computador... mentira! (outra, caneco!), já cá estava a protelar... e resolvi partilhar convosco!

Há uns anos, já tinha dito isto?!... picuinhas, vocês!, o Marquês tinha isenção de horário e muitas vezes trabalhava de noite e o caneco... inevitavelmente todos os fins de mês tinha de trabalhar muitas horas e implicava trabalhar algumas noites e sempre todos os dias, fosse fim-de-semana ou feriado, não importava! Todos os finais de mês, 3 ou 4 dias, era assim. O fim-de-ano não escapava, aliás piorava, não só era fim do mês como fim do ano! Como tal era comum nunca podermos festejar a entrada no novo ano como "il faut".

Estávamos nós a prepararmo-nos para passar uma consoada caseira, só nós e os nossos cães (na altura tínhamos 2 e as aspirantes ainda não eram nascidas) quando, em conversa com uma amiga ela me disse que iria passar o fim-de-ano sozinha em casa pois não podia ir à terra (ela não é de Lisboa)... claro está que a convidámos para vir passar connosco. Jantaríamos, brindaríamos, comeríamos as passas, ouviríamos música e conversaríamos regados por um belo vinho. Que a festa era caseira mas em casa de Marqueses!

Uns dias antes, já nem sei se não foi mesmo no dia anterior, a minha amiga telefona-me, envergonhada, sem jeito, meia a gaguejar, a ir dar a volta ao Porto para chegar ao Rossio, tal era a dificuldade em ir direita ao assunto... - a minha amiga é assim! É pessoa para me enervar um pouquinho com estas coisas, mas é uma fofa e eu gosto mesmo dela. - até que eu lhe disse: Oh melher, desembucha, catano! - se podia levar uma amiga dela que, coitada, estava sozinha, não tem amigos, o namorado acabou com ela, a irmã não a convidou para ir passar o fim-de-ano com ela... uma tristeza!... uma tristeza o catano, que depois eu passei a entender porque é que não tinha amigos, nem namorado, nem a irmã queria saber dela... a minha amiga é uma fofa, uma boa alma, acolhe todos e vê sempre o lado bom das pessoas... Claro que eu lhe disse que sim, senhora, que trouxesse a amiga rejeitada que faríamos aqui uma festarola...  Mal sabia eu! Nem ela (a minha amiga!)!

Pois que se dá a grande noite! Elas chegam, a minha amiga trouxe qualquer coisa, uma sobremesa ou assim... a outra, nada! Trouxe-se a si própria e nós só tínhamos de agradecer tal honra!

A amiga chegou e sentou-se à mesa! Assim, sem preliminares, sem nada! Chegou e sentou! Nem perguntou qual seria o seu lugar... A minha amiga veio ajudar no que era preciso, dar dois dedos de conversa enquanto íamos da sala para a cozinha e vice-versa. Leva a travessa, amiga da amiga, sentada!, traz o vinho, amiga da amiga sentada!, conversamos um pouco a meio do caminho, amiga da amiga sentada!... e subitamente diz: - Não há nada para se ir comendo?!?... silêncio! A minha amiga gagueja... e diz-me baixinho, desculpa ela é minha colega lá do trabalho, não a conheço bem, fiquei com pena dela!... e eu, não faz mal! Sou uma joia de moça e devia ser santificada, é o que é!

Sentamo-nos à mesa! Damos comida à "chefa", não queremos que ela desfaleça e fique de mau humor, catano!... a sujeita mal fala durante a refeição... limita-se a olhar, a comer e a beber. Termina a refeição!... ela, atente-se!, nós ainda estávamos a comer. Levanta-se da mesa e senta-se no sofá, sem nada dizer! Liga a televisão, sem pedir licença... nós, após um silêncio incrédulo e de eu me desatar a rir (a minha amiga acompanhou-me corada e envergonhada!), continuamos a comer e ignorámos a "chefa" e a televisão...

Blá-blá-blá, conversa, enche mais um bocadinho de vinho, e tal e coiso e de súbito ouvimos, vindo do sofá um:

- Este sofá é desconfortável!...- nós em silêncio e boca aberta, olhamos para o local de onde vem a voz... a dona da mesma levanta-se um pouco e diz: - Olha (para mim), por acaso não tens uns chinelos que me emprestes?!...

- Ãh?!?!??!?!??!? Claro que sim... - balbuciei eu a medo! Juro! Eu estava com medo! Aquela pessoa não era normal e bem que nos podia fechar aos 3 na casa de banho e, depois de nos roubar os rins, deixar-nos ali a esvairmo-nos em sangue... lá lhe fui buscar os chinelos!... ca nojo!... foram para a desinfestação a seguir!... mentira!, dei-os!

Cheios de medo, borradinhos mesmo, com miaúfa... ela podia estar possuída pelo demónio, ou ser uma psicopata... relembro-vos que a irmã não a convidou para o réveillon!..., lá continuámos a nossa conversa.

Blá-blá-blá, conversa, enche mais um bocadinho de vinho, e tal e coiso e de súbito ouvimos, novamente:

- Olha lá (ela falava assim e dirigia-se sempre a mim!... medo!), não me arranjas uma manta?!... estou cheia de frio!

Lá fui, obediente, buscar-lhe a manta e ela deita-se no sofá e continua a ver o programa do Herman José na televisão!...

Nós, cada vez mais apreensivos (e mais cagadinhos, diga-se!), lá continuámos... Blá-blá-blá, conversa, enche mais um bocadinho de vinho, e tal e coiso e de súbito ouvimos, vindo do sofá um:

- Olha (sempre na minha direcção!), faltam 5 minutos para a meia-noite!... - e fica a olhar...

Fomos buscar as passas, o espumante, preparámo-nos... 10-9-8-7-6-5-4-3-2-1!!! Yeahhhhhh!!!!! Bom ano! Cheers!!! Abraço, beijos, entre os 3, claro está! A "chefa" manteve-se junto ao sofá, em pé, com os meus chinelos nos pés, de copo na mão, bebe e às 00:05 diz:

- Vamos embora! 

E foram!... 

Porta fechada, trancada!, com todas as trancas e fechaduras possíveis e... gargalhada!!! Eu e o Marquês rimo-nos a bom rir... não sei se pelo espanto, pelo inusitado da situação, se por medo, se por descompressão...

A minha amiga no dia seguinte telefona-me e diz-me: - Desculpa! Não sabia que ela era assim!... e nunca mais tocámos no assunto!...

A irmã deve ter tido uma noite de fim-de-ano do caraças, o ex-namorado deve ter tido a melhor noite da sua vida e nós ficámos com uma história para contar!...

Ps. Isto não é um conto! Não é ficção! Isto aconteceu aqui no palácio!

8 comentários

Comentar post