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A Marquesa de Marvila

Aqui não se aprende nada... Lêem-se coisas escritas por mim, parvoíces na maioria das vezes mas sempre, sempre verdades absolutas (pelo menos para mim).

O Rock está vivo!

Não sou nada destas coisas... Sei que a morte faz parte da vida e que é um processo tão natural como nascer, mas ainda não lido bem com ela. Mas não é disso que vou falar. Como vos dizia, não sou nada destas coisas. "Estas coisas" são escrever lamentos, lamúrias e obituários nos blogs, redes sociais e afins, quando alguém famoso morre. A morte faz parte da vida, e é tão natural para um famoso como para um não famoso. Portanto fi-lo poucos vezes, muito poucas mesmo. Desta vez fiz.

Já muito se escreveu, se falou, se filmou e fotografou sobre esta morte, portanto não espero acrescentar nada de novo. No entanto, e não sei bem porquê, não consigo deixar de escrever. O Diogo Faro, do blog Sensivelmente Idiota, diz que nós homenageamos os mortos para nós próprios já que eles não poderão saber o que aqui se passa. Concordo e não concordo. Concordo porque acredito que nos alivia a alma, que necessitamos de "deitar cá pra fora", outros terão outros motivos, certamente. Não concordo porque o Zé Pedro não morreu quando o seu corpo se cansou desta vida. O Zé Pedro vive em cada um de nós que ouve a sua música, que se alenta com a memória do seu sorriso, com a eternidade das suas palavras e com o som da sua guitarra.

Escrevo porque sempre fui uma pessoa de rock, vi e ouvi Xutos desde os meus 12 anos. Fui vê-los ao Incrível Almadense há uma eternidade, e adorei! E nunca mais me vou esquecer daquele momento.

Eu ouvi Xutos... no meu quarto o meu gira-discos girou vezes sem conta, em looping, incansável a rodar sem parar o Circo de Feras, até eu saber de cor todas as músicas. Eu usei o lenço "à Xutos", tinha vários, a minha 'mai velha herdou alguns e comprou outros. Também ela usa o lenço à Xutos e à Guns n' Roses, provando que o rock também se pode herdar e ela herdou.

Ela queria ter ido assistir a um concerto de Xutos... Havemos de ir, dissemos-lhe. Não fomos! Fomos ver Guns, a melhor prenda que teve na vida. Xutos... havemos de ir... Afinal eles são portugueses, dão concertos todos os anos, não hão-de faltar oportunidades de vermos Xutos... Não fomos! Espero que daqui para a frente não faltem oportunidades de ver os Xutos & Pontapés ao vivo, e eu desta vez quero lá estar! E o Zé Pedro também estará, na sua música, na sua banda, no seu rock que ele não queria morto.

A aspirante a marquesa mais velha, chorou quando soube que o Zé Pedro havia deixado o seu corpo descansar. Ela é uma adolescente de 14 anos. Ela tem medo que o rock morra com as pessoas que o criaram. Enquanto houver adolescentes de 14 anos a chorar pelo rock ele nunca morrerá. E se o rock é eterno o Zé Pedro também o é, porque o Zé Pedro é rock, é música, é um pouco de todos nós, e nós somos tudo aquilo que ele nos deu. Por tudo isto só tenho que agradecer ao Zé Pedro o ter vivido para o rock, o ter vivido para que nós tivéssemos o privilégio de o ouvir, de ouvir boa música.

A minha aspirante mais velha gosta de rock, gosta de punk, gosta de punk-rock... Muitas vezes incompreendida pelos seus pares (ainda têm que crescer e conhecer a boa música), sorriu quando te viu, Zé Pedro, numa entrevista a dizeres que "um Punk é um gajo porreiro". E é Zé Pedro, e é! Obrigada por compreenderes tão bem, apesar de nem a conheceres, uma miúda de 14 anos. Obrigada por a fazeres sentir integrada e compreendida.

Até sempre Zé Pedro, estejas onde estiveres te agradeço por nos deixares tamanho legado. Por não teres deixado o rock morrer e por mostrares a todos que o rock é música fixe, feita por e para "gajos porreiros".

O rock está vivo!

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