Querido Pai Natal...
Querido Pai Natal (sim, eu sei que ainda faltam 2 meses e meio, mais coisa menos coisa, mas é para te ires preparando... que é como quem diz, abrindo os cordões à bolsa...),
Sei que pode parecer parvo, já que és uma figura do imaginário infantil e um símbolo do consumismo que tanto jeito dá às lojas nesta altura, escrever-te esta carta mas eu acredito em figuras imaginárias e em sonhos e cenas assim, por isso cá vai:
Eu sou uma 'soa que se porta bem durante todo o ano, sou o que se pode chamar uma jóia de moça, porto-me tão bem que dificilmente ouviste falar de mim, já que só tens olhos e ouvidos para os putos ranhosos e mal-comportados que não merecem presentes no Natal. Bem, retomemos, eu sou uma jóia de moça, a nora que qualquer sogra sonha, e nunca te pedi nada (desculpa lá o tratar-te por tu já que tu não te deves lembrar de mim, mas eu conheço-te bem já há uma série de anos, tenho até uma fotografia contigo tirada na Baixa de Lisboa, tinha eu um casaquinho de fazenda azul-céu, sim eu andava na moda já em 1970 e picos, e como tal acho que já temos intimidade para eu te tratar por tu. Claro que estás à vontade para fazeres o mesmo apesar do teu casaquinho ser bastante demodé).
Agora que já estabelecemos a forma de tratamento entre nós, vamos lá ao que interessa, saúdinha não é tema a tratar contigo, diz que é com os Santos (pesquisei, há um santo para cada enfermidade, fiquei sem saber qual é o da saúde), dinheirinho diz que é com trabalhinho e assunto a tratar no banco, trabalhinho é mesmo connosco, toca a arregaçar as mangas e força nisso, portanto assuntos entre nós são mesmo os bens materiais, essa cena altamente supérflua e conspurcadora da alma, mas que nos faz tão felizes.
Assim, como assim pedir pouco ou pedir muito vai dar no mesmo, eu peço mesmo tudo, ou quase vá. Até é cena para nem te dar trabalho, nem precisas de pôr os duendes e os elfos a trabalhar nisso, não é pesado para as renas, que é sabido que gosto muito de animais e faço o que posso para que não sofram, e basta-te um telefonema ou uma ligação à net e arrumas o assunto:
- É uma viagem a Nova Iorque, New York, NY, o que lhe quiseres chamar, aquela mesma que fica lá nos Estados Unidos da América, fáxavor. É para 4, que quero levar o marquês e as aspirantes ao título. 1 semaninha está bom. Pode ser apenas o voo e a estadia, o resto a gente amanha. Come-se umas pizzas, e umas french fries (oh eu a treinar o meu "americano"... Espectáculo!) e traz-se um recuerdo qualquer a dizer I Love NY... Anda lá, não custa nada!
Como eu não quero ser intransigente, e gosto que o Pai Natal tenha alternativas, cá vai:
- É uma viagem ao Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, sim aquela no Brasil da América (e não na avenida). Nunca fui ao Brasil, nunca quis ir ao Brasil, por nenhum motivo em especial apenas não me cativava a ideia, mas ultimamente ando com muita vontade de conhecer o Rio de Janeiro e como esta cidade é no Brasil, lá terei eu de ir ao Brasil, vicissitudes da vida. Tal como a anterior, a viagem é para 4, e de preferência no nosso Inverno, Verão deles. Sim, que já que é para ir ao Rio de Janeiro pelo menos que seja para deixar o frio e ir para o calor, que se é para ficarem com inveja pelo menos que seja por virmos com um ganda bronze enquanto vocês tilintam de frio...
Se os voos estiverem cheios e não houver hotéis de jeito, também aceito:
- Uma viagem (digam lá, não estavam nada à espera que fosse uma viagem, pois não? Eu sou tão imprevisível, minha nossa! - Oh eu a treinar o meu "brasileiro" para a viagem ao Rio) a Moçambique, um Safari. É! Ver os leões, os elefantes, os hipopótamos, os búfalos, etc e tal... Que eu sou moça que não gosta de zoológicos e que está plenamente convicta de que o lugar dos bichos é no seu habitat natural. Eu cá também não gostava que me enviassem para Marte para morar enquanto uns marcianos me apreciavam e atiravam bananas (apesar de eu ser grande apreciadora de bananas).
Um Hipopótamo em África, mas podia bem ser eu nas Maldivas...
- Uma viagem às Maurícias, ou Maldivas (que eu não sou esquisita) e estar por lá, a passear nas areias brancas, a esforçar-me arduamente por não fazer nada, de papo para o ar, a ter de tomar difíceis decisões, "janto aqui ou janto ali?", "acordo às 10 ou às 11?", "praia ou piscina?", e por aí fora. Para aqui não aceito menos de 10 dias, que a viagem é longa e o cansaço imenso.
Nos entretantos (que é o tempo entre regressar da viagem gentilmente oferecida pelo Pai Natal e fazer a mala para a próxima) estou a pensar em pedir ao Coelho da Páscoa (que eu sou pessoa organizada e não gosto de deixar nada para a última hora), uma viagem a Amesterdão, Budapeste, Florença, Praga... E para já chega que não posso pedir tudo de uma vez que não sou gananciosa.
E é isto, querido Pai Natal. Como podes ver, nada de especial e tudo à distância de um clique. Clicas numa qualquer agência de viagens, escolhes a que te apraz oferecer-me, colocas o voucher num envelope catita e deixas debaixo da minha árvore que, by the way (oh eu, outra vez, a treinar o meu estrangeiro), está desmontada numa caixa, na minha sala desde o Natal passado à espera de ir para a arrecadação. Se calhar agora já não merece a pena, digo eu!
Beijinho, beijinho, kiss, kiss, aquele abraço,
A Marquesa de Marvila
* E por aí o que vão pedir ao Pai Natal? Digam-lhe que vão de minha parte que nós somos velhos amigos e de certezinha, se se portaram tão bem como eu, ele satisfará os vossos desejos. Se não, olhem, um brinde e muitas filhós também já ajudam!