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A Marquesa de Marvila

Aqui não se aprende nada... Lêem-se coisas escritas por mim, parvoíces na maioria das vezes mas sempre, sempre verdades absolutas (pelo menos para mim).

A mim ninguém me engana! #Vizinhos #Capítulo 1

Afinal nem tudo o que é maluco vem para cá a casa... há alguns que vêm parar só ao nosso prédio, chamam-se vizinhos... neste caso vizinho!... ou melhor, ex-vizinho, graças a Deus e aos anjos e santos e tuditudo!

Há uns anos fomos nomeados administradores do prédio!... ahahahahhahahahhahahahhaha!!!! Cada vez que me recordo disto e destes tempos tenho um ataque de nervos. Dá-me para rir! Depois sobe-se-me pela espinha (adoro! espinha!) um formigueiro e eis que se me assola um pequeno avc e uma paralisia facial ligeira... depois... há-de passar, daqui por 3 dias mais ou menos!

Mas dizia eu, fomos nomeados administradores de condomínio deste manicómio!... tudo corria normalmente, mal sabíamos nós o que nos esperava e que podia haver tanto maluco por metro quadrado, catano!... quando um dia alguém (eu hei-de contar esta história também) resolve acordar de manhã e começar a espalhar pelo prédio que eu e o senhor Marquês tínhamos comprado um carro com o dinheiro do condomínio! Melhor, que o senhor Marquês tinha comprado um carro com o dinheiro do condomínio devido ao desgosto de eu o ter "largado" com duas crianças para cuidar e ter fugido para parte incerta... eu depois conto-vos isto melhor!

Bem, depois do boato lançado o doido varrido, o louco do meu vizinho de cima desata a cirandar pelas escadas aos gritos e a dizer que nós éramos uns gatunos, uns bandidos... o Marquês, possuído pelo demónio abre a porta e larga em direcção ao patamar dele... eu vou atrás e digo ao cão: - Cão! Tu fica aqui com as meninas! - o cão a tremer ficou deitado à entrada da porta em nervos, com 4 avcs e 10 enfartes seguidos (o cão morreu mesmo de problemas cardíacos, tadinho do meu menino! Mas não foi nesse dia!), e vou atrás do Marquês tentar acalmá-lo! Quando lá chego deparo-me com uma cena que... nem sei... só filmado! Vou tentar descrever:

O meu vizinho, lingrinhas que só ele, careca e com um farto bigode, meio metro de gente, vestia uns calções à futebolista antigo (aqueles curtos e lustrosos, sabem?), uma camisola branca de manga à cava, umas meias brancas turcas (daquelas com raquetes) e uns chinelos plásticos da natação... só isto já dava para largar a rir sem parar!... o meu vizinho gesticulava, ameaçava, pulava (se vissem os saltos que ele dava, senhores... de chorar a rir)... de dedo em riste dizia: - A mim ninguém me engana!... -  o Marquês, que não é homem alto, nem encorpado, só estica o braço e o homem já não consegue avançar mais.... mas grita, ofende-nos de tudo! Diz ao Marquês que até eu o abandonei, e eu... de dedinho no ar: - Errrrrrr.... eu não quero desiludi-lo mas estou aqui!... nisto vem o outro vizinho do lado a tentar acalmá-lo e só dizia: - Oh senhor, isto é tudo gente de bem! - e o outro aos saltos e a esbracejar resolve ir chamar testemunhas... - ahahahahhahahahahahhah!!!! Cada vez que me lembro só tenho vontade de me rir! - e entra no elevador deixando-nos a todos no seu patamar a aguardar, nisto mais outro vizinho se juntou também... tudo em suspense...

Abre-se o elevador e lá vem ele, naquela rica figura, e a sua preciosa testemunha, a pessoa que tinha lançado o boato e que dizia: - Eu não sei de nada! Eu não sei de nada! - tal qual um disco riscado!

A mulher dele nem se ouvia, nem se via, nem respirava, dentro de casa... deve ter sido um dos dias mais vergonhosos da sua vida!... e ele dizia: - Eu vou provar! Eu vou provar! - nisto entra na sua casa e fecha a porta!...

Eu e o Marquês chegámos ao nosso patamar e deparamo-nos com o desgraçado do cão, ali, firme no seu posto de guarda e a tremer feito gelatina, coitado!... entrámos em casa e largámos a rir descontroladamente! Acho que nos rimos durante 2 ou 3 anos seguidos! De cada vez que falamos nisto, largamos a rir... As miúdas na sala a ver tv, como se nada fosse e a cadela (tínhamos uma cadela gigante que tomava conta das miúdas com a sua própria vida, se fosse preciso) colada a elas... e nós a rirmos!!!... de vez em quando ouvíamo-lo aos gritos lá em casa e dizia a mítica frase, que estará para todo o sempre associada a ele (que a disse muitas vezes em diversos momentos): - A mim ninguém me engana! A mim ninguém me engana!... como se ele próprio se quisesse convencer disso.