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A Marquesa de Marvila

Aqui não se aprende nada... Lêem-se coisas escritas por mim, parvoíces na maioria das vezes mas sempre, sempre verdades absolutas (pelo menos para mim).

Mulheres Reais!

Eu fico sempre de dedo no queixo, testa franzida (o que é uma chatice porque faz rugas e eu não as aprecio por aí além!...) e ar pensativo, pelo menos durante maia hora, numa tentativa vã e inglória de perceber um termo que, pelos vistos, está na moda e a malta aplaude que é "Mulher Real"... oi?!?! Como disse?!?!... Mas o contrário existe?!...

Há ainda umas variantes chiques-ó-coiso como "Corpos Reais".... ora, tirando os próprios das famílias reais (nos quais me incluo, claro está!), não estou assim a ver como estes termos se enquadram na malta em geral, e em particular também!

Para ser real é necessário existir, vero? Tirando as agência funerárias, que mesmo assim produzem para quem existe, bem vistas as coisas, não estou a ver qual a lógica das marcas produzirem para algo ou alguém que não existe!... assim, dizer: "Para mulheres reais ou com corpos reais" é uma redundância, certo?

Outra curiosidade, ou incongruência, como queiram!, nesta questão é que nunca é para "Homens Reais"... porquê? Porque as marcas partem do princípio, e bem, que os homens são todos reais. Mas, queridas marcas machistas-Ó-misóginas-Ó-coiso, as mulheres também são TODAS elas reais. Pesem 40 quilos ou 100 quilos, tenham 1,80 m ou 1,50 m, sejam loiras verdadeiras ou pintadas, sejam pretas ou brancas, com anca grande ou rabo de pêssego, tenham mamas a apontar para Sul ou mamas a apontar para Norte, estão a ver a ideia? Todas elas existem e se existem são reais!  

Deixem-se de merdas masé! Assumam, de uma vez por todas, para quem produzem e façam campanhas em conformidade, mas sem merdices de clichés como "Corpos Reais", "Mulheres Reais" e o caneco! Apenas produzam para mulheres, elas são todas reais! A partir do momento em que nasceram e até falecerem são reais!... estão dispensados disto as agências funerárias, claro está!, já que estes jamais utilizarão este slogan.... mas tinha graça, até!... "o caixão perfeito para cadáveres reais"!!! Ahahahahahahahhahahahahah!!!!!

Vá, deixem-se de merdas e passem a dignificar a mulher, sem paternalismos e cocós deste género!

Essa conversa de aceitação do corpo...

Tenho andado por aqui com a cabeça às voltas com um tema que me encanita os nervos...

A aceitação do nosso corpo... ah que temos de aceitar o nosso corpo... que os corpos são todos bonitos... que o nosso corpo é lindo e maravilhoso, e coiso e tal! Parece que as bloguers perceberam que deste lado há malta de rabo grande, barriga flácida e mamas descaídas e desataram todas nesta lenga-lenga... depois é vê-las, como que meio envergonhadas, a justificarem-se assim meias tímidas e a medo, sempre que vão ao ginásio, sempre que vão a uma sessão de massagens, de body lifting (ou lá o que é...) ou, numa decisão mais definitiva, fazer uma plástica!... deste lado, do lado do povo de rabo grande, começam a chover críticas, ah, e tal, mas afinal temos de aceitar o corpo e tu aí a ver se o mudas....

Ora, aqui a vossa Marquesa favorita, resolveu reflectir por todos vós, vá, nós que é mais bonito, e vai começar a botar discurso sobre o tema nas próximas linhas. Sim, foi por ter estado numa profunda reflexão que não tenho vindo aqui... acham o quê? Que se reflecte assim em dois segundos sobre um tema tão importante? Pois que não! Ainda tive de ler estudos científicos, aplicar inquéritos e o catano para vos trazer tão importante opinião: A minha!

Pois que esta cena da aceitação do corpo é muito linda mas é uma grande treta! Eu não tenho que aceitar o meu rabo grande se não gosto dele! Não tenho de aceitar as banhas a saírem por todos os lados se não gosto delas! Não tenho de aceitar ter perninhas fininhas em que nenhumas calças assentam se não gosto delas! Não tenho de aceitar umas mamas pequenas ou grandes se não gosto delas!... estão a ver a ideia? Se não gosto, mudo! Faço por isso! Nem que tenha de recorrer a uma plástica! Tal como não gosto dos meus cabelos brancos (estou a falar em sentido figurado, bale? As Marquesas não têm cabelos brancos! ), então pinto! Agora se gosto, se não posso mudar, se é uma questão de saúde, então porreiro, deixo como está, assumo e passeio-me linda e maravilhosa por aí!

Chateia-me à brava a conversa de vendedora de banha da cobra de algumas influencers por aí de que temos de aceitar o nosso corpo... não pessoas! Temos de ser felizes com o nosso corpo! Se pudermos mudar alguma coisa, fixe! Vamos mudar! Sem vergonhas. A conversa destas pessoas mais não é do que tentar serem normais, tentar vender uma imagem de pessoa normal (diz que é a tendência por agora. A malta fartou-se de ver vidas perfeitas no Instagram e quer vidas reais). Portanto, é conversa da treta! Há uma, que eu sigo porque até a tinha em boa conta e até gostava bastante dela (ainda estou a ponderar se continuo a seguir ou não!) e que passa a vida a dizer que temos de aceitar os nossos "defeitos", que somos pessoas normais, com corpos normais e depois toca de comer 2 folhas de alface, treinar todos os dias que nem uma condenada, fazer massagens, experimentar novas técnicas para perder massa gorda ou lá o que é... quando confrontada diz, ah e tal, temos de aceitar o nosso corpo, com tudo o que ele é e tem mas (depois de um "mas" normalmente vem merda, já dizia o poeta.) podemos ser saudáveis, isto é tudo pela saúde, blá, blá, blá e coiso-e-tal... tretas, masé! Não gosta, pode mudar? Muda! Siga para bingo! Onde está o problema?

Essa conversa da aceitação do corpo.... conversa de cocó!!!

Claro que, quando falamos de marcas, de exposição pública, aí a conversa muda. Esses sim, têm a responsabilidade de mostrar que todos temos um corpo, todos são diferentes e todos são bonitos. Adoro a ideia (apenas ideia, ninguém ainda teve ousadia e coragem) de se pegar em corpos de todos os tamanhos para passagens de modelos, para fotografia de moda... afinal, quem são os compradores?... mas isso é outro post!