Já estamos quase, eu sei! Se eu não tivesse calendário e andasse completamente "patareca" sem saber a quantas ando e apenas me guiasse pelo facebook, lojas e ruas da cidade pensaria que já estamos no Natal há prái um mês... Mas agora já só falta mesmo um mês para a Consoada!
Por estes dias, pelo facebook e alguns blogs, tenho lido o costume sobre o Natal, ódios contra a data se levantam, amores se manifestam, mas tenho lido algo que é transversal aos dois lados, a nostalgia que o Natal lhes provoca. Uns dizem que adoram o Natal mas que quando eram pequenos era muito melhor, outros dizem que não gostam do Natal porque quando eram crianças é que era bom. Eu não tenho nada contra quem sente das duas maneiras, mas eu sinto de forma diferente!
Eu nunca gostei especialmente do Natal quando era criança. Adorava as luzes da cidade, ia todos os anos à baixa vê-las com a minha avó (Ainda vou! Hoje sem ela, infelizmente, mas com as minhas filhas), adorava as decorações e a azáfama das pessoas e ficava, todos os dias que antecedem a consoada, durante todo o Advento e mais um bocadinho na expectativa do Natal. Adorava esta expectativa, mas por vezes ela apertava-me o coração já sabia onde ela ia desembocar e não gostava. Era um misto de alegria e angústia.
Sim, o Natal não era uma época especialmente feliz para mim. Aqueles 2 dias, 24 e 25 de Dezembro eram altamente destabilizadores, angustiantes e que me traziam um elevado grau de ansiedade. Não gosto de atribuir culpas a esta minha tristeza até porque, hoje sei, que os adultos, na sua maioria, fazem o melhor que sabem para que as crianças sejam felizes. Não chega, muitas vezes, é certo, mas fazem! Pelo menos a maioria dos adultos que me rodeava quando eu era criança. Nunca aconteceu um momento traumatizante para mim nesta época, apenas aconteciam muitas coisas que me magoavam e das quais eu não gostava. Sempre provocadas pelos tais adultos que me rodeavam e que de mim cuidavam, mas que, tenho a certeza, faziam o melhor que sabiam e podiam, não todos mas a sua maioria.
O meu Natal dividia-se entre a casa da minha mãe e a do meu pai (Atenção que não sou traumatizada por ter pais separados. Nunca fui vítima de violência de nenhum dos meus progenitores, que tudo fizeram para me proteger e para que eu fosse feliz! Pelo menos tentaram muito!). Eram dois Natais completamente diferentes um do outro! Num deles eu era profundamente infeliz no outro havia, pelo menos, imensa animação e alegria.
Sempre achei que não gostava do Natal (E não gostava, mesmo!), até ter casado e ter passado a fazer o Natal à minha maneira. Hoje adoro o Natal. A vida deu muitas voltas e o Natal em casa do meu pai e em casa da minha mãe já não existe como existiu um dia. Apesar de eu ainda ter me dividir, mas já não da mesma maneira.
As minhas filhas adoram o Natal! É toda uma alegria que eu partilho com elas e com a família. A noite da consoada continua a ser o ponto mais alto do nosso Natal. Começou por ser passado em nossa casa, com os meus sogros, mãe, irmã, cunhada e avós. Mais tarde, por questões logísticas passou para casa da minha mãe com toda a malta atrás referida. Hoje é novamente em nossa casa não com os mesmos, pois entretanto as avós faleceram, mas com outros, os novos sobrinhos. O dia 25 é passado com o meu pai, irmã, sobrinhas e por vezes os primos. E é bom! Hoje adoro o Natal, em minha casa, com a minha família e em casa do meu pai com a minha família!
As minhas filhas adoram o Natal e, no que depender de mim, vão sempre adorar. Queremos que o Natal seja para elas o que tem sido sempre. Há prendas, sim! - Qual a criança e adulto que não gosta de dar e receber prendas? - Mas há filhoses, hummmm.... Tão bom!!!! Adoro! Há comida à volta da mesa! Há vinho! Há pinhões e frutos secos! Há fatias douradas! Há mousse de chocolate! Cada um faz a sua parte e traz o que lhe coube em sorte (já está mais ou menos definido há anos quem traz o quê) e dividimos tudo numa farta mesa. Tão farta que sobra até ao fim de ano e andamos a comer sonhos durante 1 semana. E há muita conversa, risos, histórias e memórias que vão ficar para sempre guardadas nos nossos corações! Há também saudade! Saudade dos que já foram, mas se sentimos saudade é porque com eles fomos muitos felizes e a eles brindamos sempre e desejamos também, um Feliz Natal onde quer que eles estejam!
Hoje sinto que, não sei se sozinha ou se graças à família que entretanto construí, que consegui ultrapassar mágoas e aprender a gostar do Natal. É sem dúvida, a par das castanhas assadas (Já há uns posts que não falava em castanhas assadas! Yeahhh), o melhor do Inverno. Eu aprendi que o Natal é muito mais do que uma obrigação social e familiar, que é muito mais do que as prendas, as felicitações ou os momentos de caridade e bondade. O Natal é a família e a família é o que temos de melhor! Mesmo que nos zanguemos, que achemos que podiam ser melhores, com todos os defeitos que têm, são eles que estão sempre lá e é para eles que devemos estar sempre lá! Deveria sem assim todo o ano? Mas é assim todo o ano, senão eles não estariam connosco nesta comemoração. No Natal eu comemoro a família. E a família é o melhor do mundo! Não vale a pena sentirmos saudades deles num Natal futuro, quando eles já não estiverem, se não os comemorarmos em todos os Natais em que os temos presentes!
Adoro o Natal! As luzes, os cheiros, as cores, a alegria, a solidariedade, a simpatia, as prendas, as comidas, o frio! Sim, eu disse o frio! O Natal sem frio não é Natal! E sim, eu já passei, mais do que uma vez o Natal nos trópicos e não era Natal! Foi um jantar onde se trocaram presentes e dia 25 fomos todos para a praia como se fosse Agosto. Não é a mesma coisa.
Eu hoje sou feliz no Natal!
E para vocês, como é o Natal?