Ora parece que andava tudo aí num alvoroço, sem eira nem beira, com olheiras até ao umbigo, a suarem do bigode tamanha era a ânsia de mais histórias aqui do condomínio mais louco da história da humanidade, num é verdade?...
Cá estamos para mais uma história...
Se bem se lembram, se não se lembram é só clicarem no respectivo link já aqui à frente, eu falei-vos de um boato que correu aqui pelo meu prédio... Corria o ano de... sei lá!, já foi há uns tempinhos... mas dizia eu, certa altura da vida, alguém se lembrou de lançar um boato sobre a mais nobre família do condomínio: Nós!... mas vamos começar pelo princípio:
Certo dia, ou melhor, certa noite, numa séria e imparcial (NOT) reunião de condomínio (à qual ninguém aqui do palácio foi... mas foi mesmo porque não podíamos, nós não faltamos a tamanha animação... só faltam os acepipes e o vinho para a festa ser completa), nós e outros vizinhos (que também não foram à reunião... ela porque havia falecido há uns meses e ele porque era viúvo há poucos meses e tinha dois filhos pequenos para cuidar. Este à parte é só para verem a integridade moral dos vizinhos que participaram na reunião!) fomos nomeados administradores de condomínio. Ninguém nos perguntou se podíamos, se queríamos, se tínhamos disponibilidade, nada! limitaram-se a informar-nos! Ora, como nós (eu e Marquês) até somos boas almas ou pelo menos empáticas, dissemos ao nosso vizinho (também ele nomeado) que não se preocupasse que nós tratávamos de tudo o que pudéssemos. E assim foi!
Nós tínhamos pouco tempo, trabalhávamos ambos fora de casa, com horários de entrada e saída no trabalho, como qualquer emprego normal, ainda tínhamos duas filhas pequenas e uma vida para cuidar... vai daí que não passámos o condomínio no dia e mês que as restantes almas que habitam este prédio achavam que seriam os indicados... vai daí que, em vez de marcarem eles uma reunião de condomínio para pedirem a "pasta" resolveram lançar boatos...
Uma vizinha, que deveria ser contratada pelas Produções Fictícias para fazer guiões, começou a espalhar pelo prédio a seguinte pérola:
- Eu, excelentíssima senhora Marquesa de Marvila, havia abandonado o meu marido com as nossas duas filhas e dois cães e partido para parte incerta... há anos que ninguém me via... (eu saia de casa às 7h da manhã, quando ainda tudo dormia e voltava a meio da tarde, quando aquela alma possivelmente já dormia)... o meu marido, coitado, triste, só e abandonado, com duas crianças e dois cães, estourou o dinheiro do condomínio na compra de um carro (carro esse que era do meu pai, mas como ela viu um carro novo por aqui optou por fazer considerações...).
E lá andávamos nós todos lampeiros, a dizer bom dia e boa tarde às pessoas que sussurravam cenas destas nas nossas costas... quero dizer, nós não! O Marquês, que de mim ninguém sabia...
Certo dia, um vizinho com um pouco de mais juízo do que os outros resolve contar-me (ah! Espera! Afinal alguém me via!)!
Eu e o Marquês rimos tanto, mas tanto que vocês nem imaginam!!! Nem sonham as graçolas que fizemos à custa de tal boato!... Ainda fazemos! ![]()
Bem, lá se marca a reunião para passar a pasta e apresentar as contas... que chatice! Tudo certo! Afinal ninguém comprou um carro com o dinheiro do condomínio!... No dia em que passámos a pasta exigimos (já com propostas para apresentar) que a partir dali a gestão do condomínio passasse para um empresa e explicámos o porquê, ora atentem na preciosidade:
eu: - A gestão do condomínio tem de passar para uma empresa porque, para além da gestão de contas ser feita de forma mais eficaz, eles vão renegociar todos os contratos com os fornecedores (e renegociaram! Baixámos imenso as despesas), evita-se que sejam lançados boatos bastante desagradáveis sobre os administradores, que põem em causa a sua honestidade (eu consegui dizer isto sem me rir!)...
vizinha lançadora de boatos (a corar): - Boatos?... errrrr..... não sei de boatos nenhuns! - nisto os restantes vizinhos começam a movimentar-se... um põe a mão na boca para suster um riso... outro começa a olhar para o teto...
eu: - Então parece que alguém começou a dizer por todo o prédio que eu tinha abandonado o meu marido e as minhas filhas e ele, coitado, estourou o dinheiro do condomínio na compra de um carro...
vizinha lançadora de boatos (em nervos): - Eu não disse nada disso!
eu: - Mas eu também não disse que foi a senhora!....
Risos!... vizinhos a virarem costas para ninguém ver que riam... a senhora corada e gaga... e eu com uma vontade de largar a rir descomunal... a conter-me, sem olhar para ninguém se não largava a rir...
Resultado: A senhora que se opunha veementemente a que a administração passasse para uma empresa aceitou logo!
Nós entregámos a pasta à empresa e pedimos um relatório de contas a ser apresentado em como não faltava um tostão na nossa administração! A empresa fê-lo e apresentou-o!
Os meus vizinhos são os maiores do mundo, catano! Ainda há mais histórias, senhores! ![]()